TIPOS DE REDAÇÃO

06/12/2016 17:09

Para se produzir uma boa redação, não existem fórmulas mágicas ou técnicas especiais. Tudo o que você precisa é seguir algumas regras essenciais, lembrar dos pontos estruturais (começo, meio e fim) e fazer o trabalho de distribuição das ideias de maneira correta em cada período do texto. Como você já deve saber, existem três estilos de textos: dissertativo, narrativo e descritivo.

 
DISSERTAÇÃO
Texto que se caracteriza pela defesa de uma ideia, ponto de vista ou questionamento para abordar um determinado assunto. Em geral, este tipo de produção textual costuma distribuir o seu conteúdo da seguinte maneira:
Introdução: ponto em que se apresentam as ideias que serão defendidas ao longo do texto.
Desenvolvimento: momento em que se desenvolvem as ideias anteriormente apresentadas, de modo a convencer o leitor por intermédio de argumentos sólidos e dados concretos.
Conclusão: é a parte em que se elabora um desfecho coerente do desenvolvimento com base nos argumentos apresentados.
Neste tipo de construção, é permitido ao autor acrescentar julgamentos ou opiniões para defender sua ideia, desde que se transmitam credibilidade e consistência, sem abandonar o formato de discurso persuasivo.
Um subtipo da dissertação é o modelo dissertativo-argumentativo, o tipo de redação solicitado no Exame Nacional do Ensino Médio, o Enem. No estilo dissertativo-argumentativo, o candidato precisa desenvolver uma tese, apresentar argumentos e uma proposta de intervenção social para tratar o problema apresentado no tema da redação. O objetivo da redação dissertativo-argumentativa é convencer o leitor. 
Dissertar é questionar a respeito de um tema, expressando seu ponto de vista e argumentando-o. É preciso emitir sua opinião de maneira convincente, portanto os argumentos precisam “persuadir” o leitor e isso exige realmente ter conhecimento sobre o assunto abordado. Na dissertação, o que predomina é a razão. O ideal não é colocar suas ideias como se elas realmente fossem suas, redija de maneira impessoal. Use sempre a terceira pessoa.
A redação dissertativa entre todas, é a que mais exige a estrutura correta do texto: introdução, desenvolvimento e conclusão, pois é preciso ter um elo entre os pontos de vista e os argumentos. Nos vestibulares em todo o país grande parte dos textos dissertativos está relacionada à análise crítica de um tema com debate e discussão sobre o assunto.
Texto Dissertativo-Argumentativo
Esse tipo de dissertação possui um texto opinativo organizado para defender determinada opinião sobre um tema. Nesse caso é preciso utilizar boas explicações e argumentos para que suas ideias sejam bem explicadas para seu leitor. A redação dissertativo-argumentativa leva o argumentativa no nome porque defende uma tese e o dissertativo se refere às explicações utilizadas para tal opinião.
A estrutura de como fazer uma boa redação dissertativo-argumentativa consiste em: tese, argumento e estratégias argumentativas. A tese refere-se à opinião defendida no texto, o argumento é o que você utiliza para que o leitor concorde com sua tese e as estratégias argumentativas estão relacionadas aos dados usados para desenvolver seus argumentos como exemplos, dados, comparações, etc.
Tipos de Dissertação
⇒ Expositiva: quando uma pessoa escreve um texto usando muitos dados obtidos em noticiários, televisão, jornais e revistas. É um tipo de redação que expõe determinado assunto, mas sem despertar uma discussão.
⇒ Argumentativa: Esse tipo de texto dissertativo dá ênfase a opiniões pessoais fazendo com que o leitor reflita sobre o assunto e chegue a uma conclusão.
⇒ Mista: Nesse caso você pode expor os fatos e propor uma análise crítica sobre determinado assunto.
Dicas para uma Boa Dissertação
Use verbos na terceira pessoa;
Não utilize gírias e palavras chulas;
Evite usar o sentido figurado das palavras;
Não utilize a expressão "na minha opinião" porque só o fato de escrever um texto dissertativo já subentende-se que se trata de um texto que apresenta o ponto de vista do autor da redação;
Respeite a estrutura do texto com introdução, desenvolvimento e conclusão;
Na introdução e conclusão sempre faça uma comparação com o que foi dito no desenvolvimento. Evite a fuga do tema;
Tome cuidado com as repetições e leia seu rascunho antes de escrever um texto definitivo;
Evite os jargões como "a união faz a força" e outras expressões que empobrecem sua redação;
Fique atento as tautologias que nada mais são do que a repetição de uma mesma ideia em uma mesma sentença. Por exemplo, quando digo acabamento final estou sendo redundante, pois a ideia de acabamento já dá o sentindo de final;
Fuja de assuntos polêmicos relacionados à religião, aborto, sistema de cotas, etc. A menos que o assunto esteja incluído no tema da redação;
Escreva um texto limpo e simples evitando as gírias, mas sem fazer uma redação com um conteúdo rebuscado.
 
Exemplos:
Páscoa é a festa espiritual da libertação, simbolizada por objetos incorporados em nossas vidas como o ovo de páscoa, que está ligado a um ritual egípcio e, por conveniências comerciais, ganhou seu lugar nas festividades do Domingo de Páscoa assim como outra tradições que surgiram do anseio popular (a malhação do Judas em Sábado de Aleluia).
Mas, a verdadeira Páscoa está narrada em Êxodos e depois a Nova Páscoa está descrita no Evangelho de Jesus Cristo como a vitória do Filho do Homem. A primeira Páscoa da História foi celebrada pelos hebreus no século 13 a.C. para que todos lembrassem que Moisés, com a ajuda do Senhor, salvou o seu povo das mãos do Faraó. Assim, o cordeiro foi o sinal de aliança e o anjo podia saber quem estava com Javé ou Jeová.
E com a ceia vieram os pães ázimos sem fermento e as ervas amargas comidas com o cordeiro pelos hebreus com os cinturões cingidos aos rins, prontos para ir embora do Egito, ao amanhecer. Depois temos o anúncio do Cordeiro de Deus por João Batista e a revelação do Filho do Homem até a sua crucificação e a Ressurreição. Somente a partir deste período, os cristãos das catacumbas começam a usar o Ovo como símbolo de vida nova, além do que depois do jejum da Quaresma e da Semana Santa era o alimento para a preparação da festa, entre 22 de março a 25 de abril, variando de ano para ano.
A origem das tradições pascais variam de civilização a civilização e de tudo que pode ser incorporado como os ovos egípcios ganhou afeição dos teutônicos e na China, na Festa da Primavera, distribuíam ovos coloridos. Os missionários trouxeram o costume que se ocidentalizou-se e a Igreja concordou e oficializou no século XVIII.
No mundo todo, a cerimônia religiosa da Páscoa varia conforme as tradições e costumes, mas seus significados de Libertação e Vida Nova ainda são traduzidos nas festividades pascais e nas suas formas de comemorações até mesmo com a malhação do Judas no Sábado de Aleluia e a Missa de Páscoa de Domingo, tudo faz parte da civilização cristã ocidental e da história da vida, morte, paixão e ressurreição de Cristo narrada no Antigo e Novo Testamento.
 
 “Eu disse uma vez que escrever é uma maldição. (...) Hoje repito: é uma maldição que salva.
Não estou me referindo a escrever para jornal. Mas escrever aquilo que eventualmente pode se transformar num conto ou num romance. É uma maldição porque obriga e arrasta como um vício penoso do qual é quase impossível se livrar, pois nada o substitui. E é uma salvação.
Salva a alma presa, salva a pessoa que se sente inútil, salva o dia que se vive e que nunca se entende a menos que escreva. Escrever é procurar entender, é procurar reproduzir o irreproduzível, é sentir até o último fim o abençoar uma vida que não foi abençoada... Lembro-me agora com saudade da dor de escrever livros.” (Clarice Lispector. A descoberta do mundo.)
NARRAÇÃO
Caracteriza-se pela representação de fatos reais ou fictícios, envolvendo personagens e fatos que ocorrem num determinado tempo e espaço.
A narração de fatos reais é muito comum em livros científicos, jornais, livros de História e outros.
A narração de fatos fictícios não tem compromisso com a realidade e permite inventar e criar fatos de acordo com a imaginação de quem relata. Todo texto narrativo existe na medida em que há uma ação praticada por personagens e conta com dois elementos principais: tempo e lugar.
O narrador pode estar ou não inserido nos acontecimentos e sofrer ações e intromissões de outros personagens de acordo com o contexto em que se passa a história. Os verbos neste tipo de texto são usados em primeira pessoa para personagens e em terceira pessoa quando um observador esta contando algum fato.
Narrar é contar algo, organizando um texto com o objetivo de expor uma sequência de fatos, reais ou imaginários, baseado nas ações que envolvem personagens, tempo, espaço e conflito. Os textos que fazem parte do gênero narrativo são: o romance, a fábula, a crônica, o conto e a novela.
 
Elementos da Narrativa
Narrador: É aquele que conta a história e pode participar da história como um personagem, pode ser apenas um observador ou pode ser um narrador onisciente, ou seja, aquele que sabe até quais são os pensamentos dos personagens.
Tipos de Narrador
Narrador-personagem: É aquele que narra a história em 1º pessoa e também participa do enredo.
Narrador-observador: Esse tipo de narração usa a 3º pessoa e descreve o que vê, mas não participa da história.
Narrador Onisciente: É o narrador que sabe tudo da história e dos personagens e é capaz de saber tudo, até dos pensamentos dos personagens.
Enredo (a história a ser desenvolvida): É o texto em si.
Personagens: As pessoas que atuam na história e desenvolvem o enredo. Tem os protagonistas que representam os principais papeis na ação, os antagonistas que são opostos ao protagonistas e causam problemas a vida dele e os coadjuvantes são os outros personagens que atuam no enredo.
Tempo: É o período em que desenvolve-se a ação da história e pode ser cronológico, ou seja, com base em dias, semanas e meses, ou pode ser usado o tempo psicológico relacionados aos sentimentos dos personagens e características pessoais.
Espaço: Espaço físico em que a história é desenvolvida, mas também pode ser usado um espaço psicológico em que o espaço é trabalhado de forma subjetiva.
Estrutura da Narrativa
No texto narrativo o que predomina é a ação, portanto a maioria dos verbos são de ação, e os conectores temporais. A narrativa pode estar em 1ª ou 3ª pessoa, dependendo do papel do narrador na história, pois na 1ª pessoa o narrador participa dos fatos narrados, e na 3ª pessoa é apenas um observador.
Apresentação/Introdução: onde são apresentadas alguns personagens e circunstâncias da história (tempo, espaço etc.). Com quem aconteceu? Quando aconteceu? Onde aconteceu?
Desenvolvimento: onde se inicia a ação, alguma coisa acontece modificando o estado inicial. O que aconteceu? Como aconteceu? Por que aconteceu?
Clímax: é quando a narrativa atinge seu momento crítico, o ponto delicado do conflito, onde o leitor não sabe para que lado a história penderá.
Desfecho/Conclusão: é a solução do conflito, como tudo acabou depois de todos os fatos ocorridos. Quais as consequências desse acontecimento?
Exemplos:
Vai iniciar mais uma partida de mais um clássico de futebol. E parece que o dia está claro para um jogo jamais visto em todo este campeonato. É o Brasil buscando o nosso Pentacampeonato contra a Jamaica. Vai ser dado o chute inicial e o jogo vai começar... Vai, Brasil !
 
Quadrilha
João amava Teresa que amava Raimundo
Que amava Maria que amava Joaquim que amava Lili
Que não amava ninguém.
João foi para os Estados Unidos, Teresa para o convento,
Raimundo morreu de desastre, Maria ficou para tia,
Joaquim suicidou-se e Lili casou com J. Pinto Fernandes
Que não tinha entrado na história. (Carlos Drummond de Andrade.0
DESCRIÇÃO
O termo descrever significa representar, por meio de palavras, as características de um objeto, ideia ou sentimento. Um texto descritivo tem como objetivo transmitir informações sobre seu foco principal, de modo que o leitor crie na sua mente uma imagem do objeto, pessoa, sentimento ou ser descrito.
Os pontos de vista existentes em uma descrição podem ser exibidos de duas maneiras: objetiva ou subjetiva.
A forma objetiva é aquela que apresenta um objeto e indica suas características principais de maneira precisa, cuidando para que as palavras não permitam mais de uma interpretação. Já a forma subjetiva acontece quando se trabalha com a linguagem para selecionar palavras ricas de sentido e o emprego de construções livres que permitem mais de uma interpretação do leitor.
Texto Descritivo
Descrever é caracterizar algo, seja uma pessoa, um lugar, uma situação, etc. É singularizar o que está sendo descrito e descrever com palavras. Nesse tipo de texto utiliza-se muitos verbos de ligação que fazem a ponte sobre adjetivos e substantivos. Pode-se usar características físicas ou subjetivas do que está sendo descrito.
Dicas para um bom Texto Descritivo
Use linguagem clara e dinâmica;
Enriqueça sua descrição com detalhes mais importantes e precisos;
Fale separadamente sobre os aspectos emocionais, psicológicos e físicos;
Escreva a descrição obedecendo a introdução, o desenvolvimento e a conclusão.
Tipos de Descrição
Objetiva – quando a descrição é exata, quando o objeto ou ser descrito é realmente preciso.
Subjetiva – é uma estrutura mais livre da descrição, onde o autor pode interpretar além do que vê, ou transfigurar o objeto ou ser através da emoção.
Exemplos:
Objetiva: “Esse livro foi comprado na Europa em 1958”,  “Renata está pálida”
Subjetiva: “Esse livro comprado na Europa em 1956 é interessantíssimo” “Renata está pálida, mas continua linda”
O ideal é que em uma descrição haja a objetividade, para que tudo seja o mais verídico possível, mas também a subjetividade, que deixa o texto mais interessante.
Elementos da Descrição
Nomear/identificar: dar existência ao elemento.
Localizar/situar: determinar o lugar que o elemento ocupa no tempo e espaço.
Qualificar: testemunho do observador sobre os seres do mundo.
Exemplos:
Este é o técnico da seleção: Um homem de cabelos embranquecidos pela vida de futebol e por demais atacado pela calvície e possuidor de um temperamento contestador mas audaz em sua decisão de levar o Brasil ao título do Pentacampeonato tão almejado por um Povo de autenticidade futebolística e técnicos de coração verde e amarelo que bradam e vivem a vitória e a derrota de cada etapa num grito eufórico de gol !
“Somos muitos Severinos
Iguais em tudo na vida:
Na mesma cabeça grande
Que a custo é que se equilibra,
No mesmo ventre crescido
Sobre as mesmas pernas finas,
E iguais também porque o sangue
Que usamos tem pouca tinta. (João Cabral de Melo Neto.).